Maldonado tornou-se o 104º piloto a vencer na F1 e o 11º sul-americano a subir no lugar mais alto do pódio (Foto: Reuters) |
Em que volta Maldonado irá bater? Será que ele agüentará a
pressão de Alonso por toda a corrida? E a Williams, não apresentará nenhum
problema? As perguntas eram infindáveis, mas de certa forma coerentes. Quem não
se lembra de um Maldonado enchendo o muro em Melbourne, na última volta? Ou
então do motor Renault, do mesmo Maldonado virando fumaça em Sepang? O bom de
tudo isso, é que elas foram dissipadas como poeira no vento e o que pôde ser
visto foi um Maldonado pilotando de forma séria e em nenhum momento, cometendo
uma das suas atrocidades com o carro, como jogá-lo no muro ou rodar e ficar
atolado na caixa de brita. Ao contrário, ele foi formidável numa tarde onde a
Fórmula-1 viu um quinto piloto diferente vencer com uma quinta máquina
diferente no início de temporada mais equilibrado desde 1983.
Vale dizer que a corrida da Espanha, disputado no sempre
modorrento circuito da Catalunha, foi melhor do que podíamos esperar. Sim,
tivemos ultrapassagens, duelos, batida, rusgas, xingamentos, punições e uma
ardente, no mais literal sentido da palavra, vitória da Williams. Aliás, posso
gabar-se de ter estado naquela tarde amena de 24 de outubro de 2004, quando
Juan Pablo Montoya cravou a última vitória da Williams na F1. Foi uma vitória
conquistada depois de um duelo épico contra Raikkonen nos... boxes, ao fazerem
quase todo pit Lane lado a lado. E no pódio, Montoya deu uma garrafada na
cabeça de Rubens Barrichello, que completara em terceiro. Foi um baita dia
aquele. Mas voltando aos dias de hoje, a vitória de Maldonado veio acompanhado
de um duelo particular com Alonso. Mesmo perdendo a primeira posição para o
espanhol, Pastor manteve-se perto do Ferrari durante todo período antes e
depois do primeiro pit-stop. O pulo do gato foi quando a janela do segundo pit
foi aberto e a Williams mandou o venezuelano parar antes que Fernando, e com
sem tráfego pela frente, Pastor mandou ver na sua pilotagem tresloucada,
andando rápido o suficiente para passar à frente de Alonso quando este saísse
do seu pit. Dito e feito. Fernando saiu atrás, com sete segundos de desvantagem
para Maldonado. Uma coisa que aprendi naqueles tempos de domínio enjoativo do
Schumi, é observar a corrida pelo lado da estratégia. Isso dá uma visão
diferente da corrida e, talvez, você não achará ela tão chata quanto parece ser
(se bem que tem umas corridinhas safadas que não tem jeito mesmo, de tão ruins
que são). Essa diferença postada por Maldonado foi perfeita e mesmo com Alonso
descontado-a até chegar à casa dos quatro segundos, foi o suficiente para que o
venezuelano, mesmo com uma troca demorada da Williams por causa da porca da
roda traseira esquerda que demorou a ser apertada, ficasse na frente de Alonso
quando este parasse. E assim aconteceu. As últimas voltas foram de perseguição
no melhor estilo gato e rato, com Alonso a ameaçar Maldonado no final da grande
reta, mas sem sucesso, pois o Ferrari perdia para a Williams na reta e quando
chegava ao ponto de ultrapassagem, não tinha a distância necessária para
efetuar a manobra. Por mais que Raikkonen, que estava na liderança
provisoriamente naquelas voltas finais, atrasasse Maldonado, Alonso não
conseguiu chegar perto o suficiente para conseguir algo. Quando Raikkonen foi
para os boxes e voltou em terceiro, com vinte segundos de desvantagem para
Maldonado faltando cerca de 16 voltas para o fim, Alonso estava no auge das
suas tem tentativas de passar Maldonado. Mas nas últimas sete voltas de prova,
os pneus da Ferrari já estavam bem desgastados forçando Fernando a abrandar o
ritmo e deixar com que Kimi ficasse apenas 0.6s de atraso e Maldonado ficar
mais aliviado para cruzar a linha de chegada e vencer pela primeira vez na F1.Esta vitória de Maldonado foi a 114º da história da Williams, 65º com motor Renault. Pastor tornou-se o 104º piloto a vencer na F1 e o 11º piloto sul-americano a subir no lugar mais alto do pódio. Os números são apenas para mostrar o quanto que esta vitória foi importante para um time que era dado já com os dias contados após a sua péssima apresentação no ano passado. A conquista de Maldonado em Barcelona foi festejada e muito bem vinda, e nem mesmo o incêndio que destruiu todo box da equipe após a comemoração, tendo ficado alguns feridos nesta, não abalou o espírito desta equipe fundada por Frank Williams há 40 anos. Claro, e esta vitória também é um presente ao seu patrono pelos seus 70 anos de idade completados no dia 16 de abril. Vida longa a Frank e seu time.
Kimi subiu ao pódio mais uma vez, porém chegou a ter possibilidades de vencer ontem. Descontou 20s nas últimas 16 voltas e por muito pouco não ganhou a segunda posição de Alonso. (Foto: AFP) |
Resultado Final
Grande Prêmio da Espanha
Circuito da Catalunha - 66 Voltas - 13/05/2012
1 - Pastor Maldonado (VEN/Williams-Renault) - 1h39min9s145
2 - Fernando Alonso (ESP/Ferrari) - a 3s195
3 - Kimi Raikkonen (FIN/Lotus-Renault) - a 3s884
4 - Romain Grosjean (FRA/Lotus-Renault) - a 14s799
5 - Kamui Kobayashi (JAP/Sauber-Ferrari) - a 1m14s641
6 - Sebastian Vettel (ALE/RBR) - a 1m17s576
7 - Nico Rosberg (ALE/Mercedes) - a 1m27s919
8 - Lewis Hamilton (ING/McLaren-Mercedes) - a 1m25s200
9 - Jenson Button (ING/McLaren-Mercedes) - a 1m28s100
10 - Nico Hulkenberg (ALE/Force India-Mercedes) a 1 volta
11 - Mark Webber (AUS/RBR-Renault) a 1 volta
12 - Jean-Eric Vergne (FRA/STR-Ferrari) a 1 volta
13 - Daniel Ricciardo (AUS/STR-Ferrari) a 1 volta
14 - Paul Di Resta (ESC/Force India-Mercedes) a 1 volta
15 - Felipe Massa (BRA/Ferrari) a 1 volta
16 - Heikki Kovalainen (FIN/Caterham-Renault) a 1 volta
17 - Vitaly Petrov (RUS/Caterham-Renault) a 1 volta
18 - Timo Glock (ALE/Marussia-Cosworth) a 2 voltas
19 - Pedro de la Rosa (ESP/HRT-Cosworth) a 3 voltas
Abandonaram:
Sergio Perez (MEX/Sauber-Ferrari) na 38ª volta
Charles Pic (FRA/Marussia-Cosworth) na 36ª volta
Narain Karthikeyan (IND/HRT-Cosworth) na 23ª volta
Bruno Senna (BRA/Williams-Renault) na 13ª volta
Michael Schumacher (ALE/Mercedes) na 13ª volta
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